Opinaria é um blog simples, directo e espero que útil para muitos. É um espaço de livre opinião. Onde todos podem deixar o ar da sua graça, a sua marca, escrevendo um pensamento, uma teoria ou uma simples opinião. Será sem dúvida um espaço de debate... um espaço para todos... verdadeiramente democrático. Contudo, para que assim seja, precisa de participação e muitos temas.

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Sunday, October 08, 2006

NOITE - "Se conduzir não beba... continua a ser 0,5!!!"


Boa noite, o meu nome é martim tenho 23 anos e este é o primeiro artigo que escrevo para “o opinaria”. Escrevo-o a convite do meu grande amigo Bernardo Teotónio Pereira, ao que sei o mentor desta iniciativa e basearei o meu discurso no tema Noite. Aquelas noites que nos trazem tantas alegrias e amizades, momentos mágicos e simpáticos, que só uma boa noite nos pode proporcionar, mas tentarei também, escrever sobre as situaçõs mais desagradáveis que a noite tem para oferecer, ou que em nosso próprio prejuízo as possamos provocar.
Aceitei o convite, porque achei que a ideia de haver uma iniciativa, onde um grupo de amigos escreve cada um sobre uma área específica e onde depois, outras pessoas do mesmo círculo de amigos podem ler sobre os mais diversos assuntos e quem sabe até comentá-los. Penso que poderá desencadear em todos os que por cá passarem, um enorme sentido crítico e um turbilhão de opiniões, que só nos beneficiará a todos, mantendo-nos actualizados com a actualidade e mantendo desperto em nós uma independência intelectual com sentido crítico próprio e não influênciado pelos media e pela sociedade global dos tempos que correm.
Sou relações públicas e concessionário de um bar no Coconuts em Cascais, daí a minha área neste blog ser a Noite. Tenho este bar há já dois anos e já vi algumas coisas e vivi outras, todas elas nos fazem pensar no que é mais importante e o mais importante, somos nós próprios e o sermos fiéis ao que realmente queremos.
Neste meu primeiro artigo, vou escrever sobre a condução sob o efeito do álcool. O que em meu entender é o problema mais grave nos dias de hoje na Noite dos jovens como nós.
Tenho pena de admitir isto mas é raro o rapaz que eu conheça que nao pegue num copo que seja quando sai à noite, não fazem por mal, fazem-no porque estão a socializar e porque, falo por mim, acho sempre que “um copo só, não me vai interferir na condução”. Quanto às raparigas, o que tenho vindo a verificar é que são mais conscientes que nós rapazes, pelos menos por enquanto, pois tenho vindo a assistir a um tremendo crescimento do consumo de bebidas alcoólicas por parte do sexo feminino e sempre com as denominadas bebidas brancas, com ligeiro ascendente do vodka.
Tenho como experiência o meu próprio caso, já tive um acidente por estar com os “copos” e digo-vos não foi de todo agradável, fica-se com um sentimento de culpa brutal e imaginem eu apenas bati num poste, se tivesse batido numa pessoa ou abalroado uma criança, tenho a certeza que os meus danos psicológicos seriam irreparáveis. Sendo um ser de raçã humana, claramente não aprendi com o erro, dando toda a razão a Pavlov e em Outubro de 2002, fui mandado parar e apanhado numa operação STOP da GNR brigada de trânsito, com uma taxa considerada pela lei como crime. Foi me proposto pelo Juíz um programa piloto que na altura vigorava em Cascais e que hoje se estende ao resto do país. O programa tem duas partes distintas, tem uma doação de 600 euros a uma instituição definida pelo tribunal e tem também um conjunto de aulas de prevenção rodoviária e de condução segura, divididas em duas terças-feiras e dois sábados, com um custo de 200 euros. Estou-vos a dar os preços, porque sejam 800 no total ou uma multa de qualquer valor, sai sempre mais barato um táxi a dividir pelos amigos.
Desde que frequentei as aulas, a minha atitude mudou, olho para tudo isto de uma forma distinta e dou valor à sorte que tive pois nem tantos têm essa sorte, ficando incapacitados ou mesmo morrendo.
Escolhi este tema porque no espaço de uma semana tive mais um amigo que foi apanhado com excesso de álcool, e outro que teve um acidente e que ainda bem saíu ileso e de boa saúde. A maior parte dos acidentes de viação envolvendo jovens condutores, ocorrem à noite e em situação de lazer. Não será concerteza por haver morcegos há noite mas sim devido ao consumo de álcool e outras substâncias. Não vale a pena!! Este é o meu recado, somos tão novos que perdermo-nos assim é uma estupidez, temos todos ainda tanto para fazer, temos amizades fortes, pessoas que gostam de nós, pessoas que nos querem e que privá-los da nossa companhia seria injusto. Também nós gostamos de pessoas e não as queremos perder, já chega por si só assistir ao “trabalho” da mãe natureza, porquê ajudá-la gratuitamente.
Deixo aqui uma peça que vinha num jornal e que para os que não sabiam e que têm estado na dúvida e até com apostas entre amigos, a taxa de alcoolemia permitida continua a ser de 0,5 por lei, no entanto cabe à DGV aplicar ou não uma margem de erro. “«A taxa limite de alcoolemia permitida aos condutores é a que consta da lei (0,50 gramas/litro de sangue) e não qualquer outra», referiu o Ministério da Administração Interna (MAI), por meio de comunicado, em reacção a uma directiva da Direcção-Geral de Viação, escreve a «Lusa».
Após prestar esclarecimentos ao MAI, Rogério Pinheiro emitiu uma nota em que refere que «as normas legais e regulamentares aplicáveis ao controlo metrológico dos alcoolímetros admitem a possibilidade de erro, estando os limites máximos desse erro, para mais ou para menos do valor efectivamente registados, estabelecidos em recomendações da Organização Internacional de Metrologia Legal» e em portaria” (portugaldiario)

5 Comments:

Blogger Amarcord said...

Não conhecia esse programa alternativo mas parece ter um retorno muito maior do que o simples pagamento da multa, sobretudo porque, apesar de com o novo Código da Estrada se terem aumentado exponencialmente os valores, o efeito de prevenção geral continua a ser praticamente o mesmo... São coisas que, quanto a mim, se devem procurar resolver à partida e não à chegada. Ao menos esse programa dá que pensar, o qué é muito diferente dos 2 ou 3 dias de orgulho ferido que se aguentam depois de se desembolsar o dinheiro, na maior parte das vezes num cheque assinado pelos pais.

Acho que é impossível não concordar com o que foi dito no post. Gostava é de comentar duas ideias que me vieram à cabeça depois de ler o que o Martim escreveu.

A primeira é o facto de, na minha opinião, a noite em Portugal (confesso que o meu domínio não vai para além de Lisboa e a última saída da A5, e pouco do Porto e Algarve) começar exageradamente tarde.
São raras as vezes em que chegamos ao destino que tinhamos planeado antes das 3/4 da manhã. Obviamente não é isso que está na base dos desastres causados pelo álcool, mas sim o facto de, até lá, se ter passado um par de horas em que se esteve a fazer tempo com os amigos durante as quais, naturalmente, estivemos a beber enquanto socializávamos num dos nossos bem conhecidos pontos preliminares da noite, ou em casa de alguém. Isto claro, depois de termos jantado por volta das 21h, ou seja, já com a digestão mais do que feita e o estômago vazio (não garanto que os timings que este processo implica sejam precisamente estes, mas o aparelho digestivo não é a minha área...).
E mesmo quando se combinam para as 21:30 aqueles míticos jantares em que ninguém começa a jantar antes das 23h, vos garanto que o álcool aterrou na mesa logo que chegaram os mais pontuais, que muito educadamente esperam pelos atrasados para começar a pedir, mas nunca para começar a beber.

No semestre passado estive a fazer Erasmus em Itália e visitei amigos de ponta a ponta do país. No que toca à noite, reparei em duas coisas: temos bastante sorte com a noite que temos em Portugal mas, em todos os sitios que visitei (alguns deles são autênticos bastiões da noite na Europa, como Milão ou a Sardenha) as pessoas saiam de casa às onze da noite, bebiam um copo (que por acaso lá vem SEMPRE acompanhado de qualquer coisa para comer) e iam directas para uma discoteca ou afins. Em Espanha sai-se de copas por essa mesma altura.
É óbvio que entrar na fila do sitio onde vamos acabar a noite com uma imperial ou um gin tónico em cima, depois de já se ter estado a descontrair com os amigos, em vez de com três, é muito diferente. Sobretudo no fim, quando fizermos o balanço de tudo o que consumimos. Além disso, quanto mais cedo se entre, mais cedo se bebe, mais cedo o efeito se esvai... Curiosamente, uma noite que acabasse as 5 da manhã lá, era considerada uma noitada, idem em Londres. Em Portugal é cedo.

Outra coisa que me veio à cabeça tem a ver com o facto de, em Portugal, não nos passar pela cabeça ir para a noite sem carro, podemos não ser nós a levar, mas com certeza será outro desgraçado qualquer que more perto.
Mais uma vez vou fazer apelo ao que vivi em Erasmus, só para ter um ponto de comparação. Desta vez não vou falar de Itália, porque em Bologna voltávamos para casa a pé ou de bicicleta (se entretanto não tivesse sido roubada) o que é impensável em Lisboa.

Enquanto lá estive, visitei também amigos em Paris e nas principais cidades da Alemanha, além de ter dado uns giros por alguns países mais "modestos" do Leste da Europa. Saímos à noite em todos eles. Em Paris e na Alemanha achei incrível (e esta é a palava certa) o facto de tanto para ir, como para voltar, existir uma rede de transportes impecavelmente bem coordenada (entre metro, autocarros e eléctricos) que praticamente nos deixava porta-a-porta. Melhor de tudo: era seguro andar assim na noite.
Aquilo era um verdadeiro luxo, sair de casa, apanhar o metro e chegar à noite. Sair da discoteca a saber a que horas ia passar o metro, encontrar a paragem cheia de jovens (montes deles bêbados, e então?) e chegar a casa 20 ou 30 min depois. E isto tudo com os horários afixados a serem exemplarmente cumpridos. Nos países do Leste, a oferta era bastante mais reduzida e o dossier horários não merece propriamente louros, mas mesmo assim a coisa fazia-se, ou não estivessem eles a par do facto do turismo representar um fatia muito apetitosa do seu PIB.

Voltar a Portugal foi também voltar ao carro. Confesso que antes de escrever isto não me fui informar dos horários dos nocturnos da Carris (será que há?) mas também não é habitual vê-los a passar à noite. O Metro sei que fecha por volta da 01H.

Depois deste paleio todo, o que eu acho é que, se se saísse à noite mais cedo, se as emoções que nos fazem ter "aquelas" noites com os amigos começassem antes, bebíamos menos e, arrisco até a dizer, talvez falássemos e estivessemos mais uns com os outros (não sei se com vocês já aconteceu, mas algumas vezes dei por mim, já pronta para sair, a fazer zappping à espera do toque para descer, porque nem vale a pena chegar aqui ou ali antes das 3/4h, sobretudo no inverno, quando os spots preliminares escasseiam...). Depois, se em vez de andarmos de carro para todo o lado, pudéssemos dar-nos ao luxo de apanhar um metro/autocarro/comboio seguros que nos levasse e trouxesse até, vá lá, perto de casa, pr'a não termos desculpas para não apanhar um taxi depois, não estaríamos com certeza, como eu estive na véspera do feriado, 30 min para parar o carro no pior metro quadrado do Bairro Alto e a fazer figas para que quando lá voltasse o encontrasse, se não for já pedir muito, no mesmo estado em que o deixei. Repeti a dose lá p'ros lados de Alcântara.

Acho que é uma questão de tentar diminuir o número de desastres por outras vias menos populistas cujos ícones, como o condutor "100% cool" não têm dado grandes resultados... Recebe-se um sms dum amigo a avisar duma operação stop e a reacção não é "não bebo mais/vou de táxi" mas sim "vamos pelo caminho alternativo porque ali os tipos nunca aparecem", isto pr'a não falar daqueles que param, à cara-podre, metros antes das operações e por ali se ficam tal qual voyeurs a apreciar...
Já que não conseguem convencer-nos a beber menos (algo que, pr'a mim, tem de partir de cada um) e mais tarde (agora estou a falar da idade), ao menos dêm-nos a possibilidade de nos deslocarmos sem carro, de uma forma segura, mais barata e que não exija a reunião de um X número de pessoas como costuma acontecer com os táxis. Digo isto porque, depois de ter pensado um bocado, não consigo imaginar outras razões que não o preço, para não voltarmos de táxi para casa.

É que ficava tudo a ganhar, menos o arrumador.

Fico-me por aqui (!). Com vontade de continuar a opinar. Temos blog Bernardo, e cada vez melhor.

4:33 PM  
Blogger Amarcord said...

Bernardo,

tens razão, mas era um começo para mudar o mau hábito...
Qto ao olharmos mais p a realidade e pensarmos nas consequências dos nossos actos: de boas intenções está o Mundo cheio... mas também concordo que esse exame de consciência tem de se feito, acho é que nao é com incentivos externos que se vai lá. Tem de partir de cada um.

11:00 AM  
Anonymous Anonymous said...

Este gajo poderia ganhar o prémio dos "Grandes Portugueses"...

7:53 AM  
Anonymous Anonymous said...

Não descordo com nada o que foi dito seja no artigo do Martim ou nos comentários aqui feitos, mas sejamos realistas. Será que podemos seguir o que a Sofia disse? Não será ambição a mais? Para mudarmos qualquer coisa que seja temos de começar com os pontos fáceis. O mais concordado por todos nós foi de facto o do uso do transporte público. Nem percebo o porquê de mencionar isto porque como todos sabemos ou devíamos saber, pagar o arranjo dum carro custa mais do que um táxi dividido por amigos.
Mas não vale a pena comparar-nos com outros países. "Ah e tal, devíamos seguir estes, e fazer o que eles fazem" Não é a seguir o exemplo de outros países que melhoramos. Esses países tão onde tão por iniciativa própria, porque pensaram por eles próprios, e tornaram-se num povo mais inteligente. Agora sugiro que comecemos por tudo o que aqui foi sugerido.

2:58 PM  
Anonymous Anonymous said...

'Agora sugiro que comecemos por tudo o que aqui foi sugerido'
portanto, seguir o exepmlo de outros paises..

3:17 PM  

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